domingo, 20 de novembro de 2011

Mamãe voltou a trabalhar!

Minha lindona! Já se completou uma semana desde que mamãe voltou a trabalhar. Sim, era preciso, mas, com certeza, se pudesse, não voltaria. Ficaria o tempo todinho com você pra não perder nenhuma gracinha, nenhum sonzinho, nada nada nada que eu tanto amo. Mas tudo bem: como as pessoas dizem, a vida deve continuar e trabalhar faz parte da minha.
A  boa notícia é que você tem ido ao trabalho da mamãe todos os dias para sua mamada da tarde. É uma delícia: meus colegas de trabalho ficam bobos com você, eu te vejo e mato a saudade, você fica alimentada... Maravilha! Pena que é só até você completar seis meses (mas já é alguma coisa, então, não vou ficar aqui reclamando).
O primeiro dia de trabalho da mamãe foi um misto de ansiedade pra rever o pessoal e muito choro: deixei você em lágrimas, numa cena de novela mexicana que eu já sabia que não conseguiria evitar. Você, toda bebê, nem percebeu nada (ainda bem, né?).
Novidades: sob nossos olhos atentos de pai e mãe corujas, você aprendeu a se virar (literalmente) sozinha, o primeiro passo pra começar a engatinhar. Será isso um sinal de que terá personalidade independente? Bem, eu tenho o hábito de achar que cada coisinha que você faz é sinal de alguma coisa...
Outra: você tem se comunicado cada vez mais na sua linguagem de bebê. Está mais expressiva, gritenta (dá cada grito alto) e linda, muuuito linda. E também adora arrancar os cabelos da mamãe (confesso: se fosse um bebê qualquer, mamãe não deixava, mas você eu deixo, vai!).
Filha, mãe é assim mesmo, não estranhe, não: vive em estado de graça, acha tudo uma delícia, se importa com coisas que outras pessoas simplesmente não veem (ou não prestam atenção).
Sigo plenamente em estado de graça e continuo a te dizer: amo muito você!
Beijos da mamãe

domingo, 30 de outubro de 2011

150 dias de transformação e muito amor

Querida Giovana,

faltam só 10 dias para eu voltar a trabalhar. Filha, nós ficamos 140 dias juntinhas até agora. Nos primeiros 30 dias, mamãe não sabia ao certo se ia dar conta de você. É verdade, por mais que pareça estranho falar assim, estou dizendo exatamente o que sentia: medo de não saber, não conseguir ou não ser forte o suficiente para cuidar de você. Depois do parto, a adaptação é mútua: você, pequenina, acostumada a não sentir fome, nem frio, nem sede, de repente precisava chorar para mostrar (ou tentar) o que sentia. Eu, por outro lado, com as primeiras dores da amamentação e sarando, aos poucos, das dores da recuperação do parto. Mamãe, apesar de ter toda a consciência do que viria pela frente, só foi entender o quão difícil é esse momento de adaptação depois de enfrentar privação de sono (nas primeiras semanas, filhota, era rotina você dormir durante o dia e, à noite, acordar às 3h e voltar a dormir às 5h, 6h, 7h...), muito choro (seu e meu), o pavor de não saber o que fazer com suas cólicas, entre outros momentos tão atribulados para uma mamãe de primeira viagem.
Esse tempo passou, como todos com mais experiência me diziam que iria passar. Fui aprendendo a cuidar de você com mais tranquilidade, e, olhe só, aos poucos, voltei a cuidar de mim também. (As primeiras semanas, meu amor, são exclusivamente do neném e, por conta disso, não foi uma ou duas vezes que mamãe ia almoçar só às 14h ou 15h, ou não penteava o cabelo o dia todo, o que dizer então de fazer as unhas...).
Seu pai foi essencial para todo esse começo. Carinhoso e apoiador, sempre preocupado conosco, nos ajudou muito (e continua ajudando, ainda bem!). Suas avós, Lucia e Ana, também foram especialmente necessárias cuidando não só de você como também de mim. Serei eternamente grata a elas por isso.
Bem, o tempo passou muito rápido. Você engordou a olhos vistos, continua com os cabelos mais lindos do universo dos bebês, agora sorri, balbucia sílabas e sonzinhos fofinhos, chama atenção por toda parte que vai. Quando me enxerga, estampa no rostinho que quer meu colo e que está feliz em me ver.
Se algo a incomoda e estou por perto, parece tentar me dizer com o olhar o que está sentindo. Você já tem noção dos horários e da sua rotina do dia e uma das horas mais esperadas é quando seu papai chega do trabalho para brincar com você. As cenas que eu vejo todos os dias são as mais bonitas que já vi na minha vida.
Mamãe tem chorado bastante quando pensa que daqui 10 dias terá que voltar a trabalhar. O choro vem fácil porque você tomou conta da minha existência de uma maneira tão linda, tão pura e tão forte que por mais que pareça bobagem, ficar longe por algumas horas se tornou muito difícil de suportar. Saudade do seu rostinho, de amamentar, de abraçar e brincar, cuidar, enfim, de passar tardes gostosas do seu lado. Realmente, sob meu ponto de vista, me tornar mãe é a maior dádiva que Deus poderia ter colocado em minha vida. Me fez crescer, ser mais humana, mais flexível, menos mesquinha, mais esperançosa.
É, minha pequena, vai ser muito difícil pra mim. Mas é necessário. Será uma nova etapa de adaptação, tanto para mim quanto para você. Preciso disso para crescer ainda mais. Para manter em mim uma parte muito importante e que ainda não está pronta para se despedir. Então, meu amor, que Deus nos abençoe nessa nova fase que virá e coloque em nossas vidas ainda mais bençãos nos dias que estão por vir.
Amo você, com todo meu coração e minha alma,
Mamãe

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Você foi muito boazinha!

Sabia que, quando me descobri grávida, eu estava fazendo o curso de Mestrado? Pois é, lembro bem da aula inaugural da pós, quando o coordenador, do alto de seu rigor acadêmico, avisou: "Precisamos respeitar o prazo máximo de defesa em dois anos e meio. Portanto, nada de ficar doente. Engravidar, então, nem pensar".
Ok, como a vida não segue os ditames da Academia... A notícia da gravidez veio com surpresa e muita expectativa para mim. E aí, a primeira coisa que eu pensei foi: "não vou conseguir terminar esse Mestrado". Porque, pra início de conversa, não tinha escrito nem uma linha da dissertação e tinha, então, mais meio ano pra fazer tudo, além de preparar tudo (e de me preparar) para sua chegada.
Bem, a barriga foi crescendo, mamãe montou seu quartinho, seu enxoval, continuou trabalhando e, quem diria, escrevendo! Durante toda a fase de redigir a dissertação você esteve lá, presente, constantemente dando sinais de que crescia (e ocupava todos os espacinhos no interior do meu ventre).
Daí, mamãe defendeu a qualificação exatamente uma semana antes de você nascer, exibindo uma barriga redondona diante dos olhos um tanto temerosos da banca exclusivamente masculina.
E, para meu alívio (e liberdade!!!), faz três dias que consegui defender a dissertação (com você lá, inclusive, docemente levada pelas avós paterna e materna). Foi um momento muito importante para mim e ainda mais feliz pelo fato de você estar lá comigo, querida.
Então, muito obrigada, minha menininha, por ter nascido no tempo certo e ter me deixado continuar uma trajetória que necessitava ser finalizada.
Te conto tudo isso aqui porque não quero me esquecer do quanto foi difícil, mas recompensante encarar tudo de uma vez. E a memória é bichinho traiçoeiro: costuma falhar nos detalhes e deixar tudo com cara de mesmice (e pra gente, meu benzinho, não foi mesmo, não é?!).
Te amo,
Mamãe

Na defesa da dissertação de mestrado: prof. Adenil, prof. Mauro, vovó Ana, eu e você, vovó Lucia e prof. José Eugenio

Por mais noites de sono e menos complicações

Filha, viver é uma experiência fácil, linda, única e inigualável. Vejo isso nos seus olhinhos que descobrem, brilhantes, o mundo ao seu redor. Para um bebê, as preocupações só acontecem se algo os incomoda - é fome que sentem? Logo mamãe vem alimentar. É frio, dor ou fralda suja? Logo alguém que lhe quer bem vem agir em seu favor.
Talvez seja por não pensar nos problemas inventados pelo crescimento e "amadurecimento", pelos limites,deveres e regras impostos pela vida em sociedade, ou pelo fato de estarem alheios às necessidades e urgências mundanas, os bebezinhos têm um sono tão tranquilo e invejável. Coisa de anjo mesmo.
Depois que se cresce, Gigi, é preciso lidar com os dilemas que nos aparecem. Eles começam tímidos, quase que inofensivos na ocasião de aprender a fazer escolhas. Depois, vão se tornando mais complexos, capazes de acabar com as noites de sono feliz de outrora. À medida que se cresce, meu amor, a vida parece se complicar. É um relacionamento que não dá certo, outro que mostra sua cara cheia de riso mas, não se engane, uma hora também ficará evidente que há tristeza e dureza até mesmo onde não se imaginava haver qualquer tipo de mácula.
Tudo isso, dizem os grandes (e também o senso comum) é fermento que nos faz crescer. A dor, muitas vezes evitável, mas também inevitável em certas ocasiões, é como um contraponto em nossa história de vida: ensina, como que avisando para que, no futuro, não sejam repetidos os mesmos erros e não se sofra novamente como num filme repetido de sessão da tarde.
Bebê, bebê... Ao contrário do que possa parecer, viver é, sim, fácil. Basta lembrar, diante de uma dificuldade que nos aparece como um touro teimoso e bufante, que orgulho não leva a lugar algum. Que o tempo passa rápido, que a vida é curta e também passa num sopro. É o que dizem os grandes (e o senso comum) e que não deixa de ser uma bela verdade.
Amo você, com todo meu coração,
Mamãe.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Mas já???

Filhota, você ainda é tão pequenininha e, daqui a pouco, vai ter que aprender a ficar sem a mamãe quando eu voltar a trabalhar. Acho que, na verdade, eu é que vou ter que aceitar o fato de que licença maternidade um dia acaba e, em breve, nossas tardes juntinhas vão ficar para trás.
Pensa que eu já não estou cheia de culpa e de saudade? Se eu deixo você na casa das avós por duas horas pra fazer alguma coisa já fico com saudade... Nossa, nunca pensei que seria uma mamãe tão babona quanto sou hoje. Mas também sei que é muito importante "voltar" à rotina, assim mamãe não perde uma boa parte de sua identidade e também será bom para o seu desenvolvimento, afinal, apesar de querermos, a vida vai muito além do ninho confortável da mamãe e do bebê, não é?
Lindinha, desde a última vez que escrevi pra você se passaram muitas coisas entre nós. Você, por exemplo, aprendeu a agarrar as coisinhas com a mão. É a coisa mais linda do mundo!!! Aprendeu também a bater o pezinho na água, na hora do banho, e faz a mamãe tomar banho junto, claro.
Seu papai tomou coragem pra dar banho em você no chuveiro. Eu morri de medo na primeira vez, mas ele fez tão bem e você adora tanto, fica com uma carinha de sapeca tão fofa que eu me rendi. Com esse calorão todo, tomar banho de chuveiro é ainda mais divertido pra você.
Outra coisa que tem enchido mamãe e papai de orgulho são as sílabas que você balbucia vez ou outra. Nós, com cara de bobos, ficamos imitando (e quem vê, de fora, deve achar ainda mais bobo, mas pra gente é o maior barato!).
Muitas pessoas queridas vieram fazer uma visitinha pra você também, inclusive outros bebezinhos. Mamãe já está levando você sozinha à pediatra e continua chorando junto (na verdade, engolindo o choro pra você não notar) na hora de tomar vacina.
Mas uma coisa mudou do último mês pra cá: meu amor cresceu feito bolo de vovó no forno - está cada vez maior, mais lindo, mais forte. Também, com esse seu sorriso lindo, é impossível que ele não cresça ainda mais. Amo você, pequena.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ninguém me avisou...

... o quanto eu ficaria com o coração despedaçado na hora de você tomar vacina. Sério, filha, mamãe teve que segurar o choro quando a enfermeira pediu pra eu te segurar (como assim, segurar um bebezinho indefeso? não parece estranho?!?) e você, toda pequenina, toda inocente, me olhando com seus olhinhos de boneca, nem sabia a dorzinha que estava por vir.
É... Veio o choro, mas parece que doeu mais em mim do que em você. Pra minha surpresa, você chorou, sim senhorita, mas foi rápido e logo voltou a procurar novidades com os olhinhos. Eu, no entanto, senti pela primeira vez que vou precisar ser forte pra amparar, cuidar, ensinar, ajudar a suportar todos momentos difíceis, porque eles existem, né? Tá, parece besteira, foram só duas picadinhas (uma em cada perninha fofa, que dó!!!), mas para mim, sua mamãe, doeu vê-la passando dor.
Sim, porque nessa sua fase, não dá pra ter certeza absoluta de quando é dor ou fome ou qualquer outra coisa que provoque o seu choro. Então, quando eu tive a certeza de quem já sentiu a mesma coisa na pele - afinal, ninguém ama injeção - de que você estava sentido dorzinha... Mesmo sabendo que é para o seu bem, meu coração ficou em caquinhos.
Mas, graças a Deus, você está uma belezinha agora. E é bom eu ir me acostumando: mês que vem tem mais, e depois no outro, e no outro, e assim sucessivamente.
Te amo, viu, minha bonequinha.

p.s.: Final de semana passado eu e seu papai fizemos uma traquinagem: fomos ao cinema :)
Tudo bem que o filme foi fraquíssimo (só pra registrar, já que quando você ler isso o filme será supervelho, foi "Professora Sem Classe"), mas o mais engraçado foi eu ficar olhando todas as crianças do shopping e imaginar como você ficará daqui a uns aninhos. Daí, vou ter o prazer de te apresentar a vários filmes infantis legais. Um dos que eu mais amo (e você já curte as musiquinhas) é o George, o Curioso. E eu adoro essa canção do Jack Johnson, aliás, o álbum inteiro, que tem letras lindas e melodias deliciosas.



"I'll share this love I find with everyone..."

sábado, 13 de agosto de 2011

Pai, você é tão especial!


Uma das lembranças mais nítidas da presença do meu pai em minha vida foi quando ele me ensinou a andar de bicicleta. Primeiro, na verdade, eu tive que torcer pra ganhar "a" bicicleta - uma Monark rosa, dessas que vinham com uma cestinha na frente, aro 20, ideal para uma garota de 11 anos com vontade de sentir a brisa no rosto e a velocidade sob as pedaladas, mesmo que para isso precisasse sofrer alguns tombos e arranhões.
Muitos curativos nos joelhos depois, finalmente estava começando a me equilibrar em duas rodas. Lembro que dizia ao meu pai, com o coração na boca: "não me solta, não me solta agora, não estou pronta". E ele concordava em não soltar. Até o momento em que ele, com sua sábia simplicidade, deixou de amparar a bicicleta com as mãos e eu, sem perceber que andava sozinha, senti um misto de medo e emoção ao me dar conta de estar finalmente andando de bicicleta.
Verdadeiros pais, de qualquer espécie, possuem essa simplicidade inteligente, que une o ato de ensinar, amparar, entender e amar à difícil arte de tornar seus filhotes independentes, quando estes estiverem realmente prontos. É assim com o passarinho, com o leão, com o golfinho e com tantos outros animais e é por conta disso que pais são tão essenciais em nossas vidas.
O seu, minha filhota, tem se saído um papai realmente incrível. Claro que todos - o seu, o meu, o de todo mundo - comete erros às vezes, mas é o fato de saber que se pode contar com eles, em qualquer momento, durante a vida toda (e, porque não, depois dela também) que os torna tão especiais para que nos transformemos em seres humanos fortes, amorosos, batalhadores, melhores.
Adoro quando seu papai olha você com doçura e amor. Adoro quando, mesmo cansado, tem paciência para tentar fazê-la se acalmar. Adoro todas as vezes em que ele me apoia, me ajuda, me anima.
Ao meu papai (seu vovô), ao seu papai (meu amor) e ao papai do seu papai (seu outro vovô), três pessoas impressionamente lindas em suas imperfeições e perfeições, desejo um dia dos pais maravilhoso. E a todos os outros, que amam seus filhos incondicionalmente, também. Que Deus abençoe essas figuras queridas tão fundamentais em nossas vidas.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Seu primeiro passeio!

Domingo passado, dia 7/8/11, passeamos pela primeira vez com você, pequena. A pediatra liberou passeios ao ar livre, longe de aglomerações, e lá fomos nós, aproveitando que a temperatura esquentou e o sol deu as caras.
Que coisa mais gostosa! Você, como quase sempre, adormeceu assim que o carro começou a andar (nenês adoram andar de carro, deve ser por isso que tem muito pai que dá uma volta no quarteirão para o filho pegar no sono na hora de botá-los pra dormir - já pensou que dificuldade depois que eles se acostumam a isso???).
Tudo bem que você não viu nada do passeio, já que dormiu feito Bela Adormecida também na caminhadinha que fizemos ao redor do lago, sem se importar com barulho de pato, criança jogando bola, entre outros ruídos ao seu redor. Aliás, filhota, acho que já devo ir preparando o seu pai (que tem tudo pra ser bem ciumento) que você vai ser da balada. Nunca vi um bebezinho gostar tanto de barulho...


Acorda, Gigi!!!


PS: Gostosa da mamãe, hoje você deu uma risadona quando eu mordi sua perninha de brincadeira. Agora já sabe, né, mamãe não vai mais passar vontade e vai mordê-la sempre!!!! S2

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Paciência + carinho = bebê feliz

Todos os dias eu faço a mesma coisa e, ao mesmo tempo, todos os dias são diferentes pra mim com a sua chegada, minha menininha. É que todo dia tem fralda pra trocar, mamada, fazer arrotar, acalmar de coliquinha, fazer nanar, dar banho... Mas isso não significa que cada acontecimento ocorra da mesma forma, no mesmo horário, ou seja, é sempre diferente.
Tem dia, por exemplo, em que você me surpreende com um cocozinho no meio do banho (e eu caio na risada de ver sua carinha!). Ou então, quando está irritada, me coloca numa verdadeira maratona: você vai saber do que estou falando quando tiver, um dia, que trocar a fralda de um nenezinho faminto que bate desesperadamente as perninhas... nessa hora, quando tudo finalmente parece estar sob controle, um jato de xixi faz sua mãe recomeçar todo o processo, com o agravante de ter que trocar toda a sua roupinha. Ufa!
Há dias em que a tranquilidade reina: você acorda, mama, faz gracejos, olha o mundo ao seu redor com curiosidade e volta a dormir. Nesses (raros) dias, sua mamãe aproveita pra colocar algumas coisas em ordem, na medida do possível.
Mas filhota, isso não quer dizer, de jeito algum, que um dia é mais feliz do que o outro apenas com base no trabalho que se tem. Bebezinhos dão mesmo trabalho: estão aprendendo a viver essa realidade doida, onde tem frio, fome, sede, dor, soninho... Até esses dias, você tinha um cordão umbilical pra brincar, um ambiente quentinho e seguro que lhe oferecia alimento e aconchego. E eu, uma barriga muito querida que vivia acariciando.
Mas, meu amor, confesso uma coisa: é muito mais gostoso acariciar você aqui. Um dos momentos mais doces, pra mim, é buscar você no bercinho, assim que acorda. E todos os meus dias são bem diferentes do que foram antes, mas muito mais felizes :)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

São tantas emoções...

Bebê! Neste exato momento em que escrevo esta carta, você está pendurada em mim, no seu canguruzinho. Aliás, esse negócio é uma benção pra deixar meus braços livres e, ao mesmo tempo, manter você mais calminha e na vertical (ou seja, é bom também pra quando você acaba de mamar e precisa arrotar). Mas, confesso, tem também o som do secador aqui no lap enquanto escrevo, já que você não estava tão a fim de ficar quietinha, não... Jogo sujo, né???
Pensando nessa coisa de "jogo sujo" (ninar você no canguru ao invés de ser no colinho), fiquei aqui ponderando quantas vezes já me senti culpada depois que você nasceu. Muitas. Aliás, começou antes mesmo de você nascer - na gravidez, se comia algo mais trash, vinha o sentimento de culpa (e olha que sua mãe foi toda regrada e tal). Se faltava na aula de hidroginástica, culpa. Se ia trabalhar e me estressava à toa, culpa.
Agora, então, fico me culpando se você chora e eu não sei o que é, se você chora e eu descubro depois que era uma coisa que eu ignorei, se você chora e vai no colo de outra pessoa e para de chorar... Ai... mãe deve sentir culpa assim mesmo, o tempo todo. Acho, na verdade, que comigo a coisa pega porque sou meio perfeccionista e, quando se trata de você, meu amor maior, tudo é elevado ao cubo.
Uma das cenas do cinema que mais me emocionam é do filme Ray, que conta a trajetória do músico Ray Charles. Ele cego, desde pequenino, precisa aprender a se virar e é exatamente sua mãe quem o ensina a conseguir lutar por si mesmo, sem ter pena de si e nem ter que ficar esperando a piedade dos outros. A cena em que Ray, ainda garotinho, cai diante da mãe e choraminga, esperando que ela tenha dó dele e o acuda, tira lágrimas de mim só de lembrar - a mãe do músico, apesar de ter o coração dilacerado pelo problema do filho, sabe que ele precisa aprender a se levantar sozinho e, assim, prende a respiração e faz silêncio para que ele acredite que está sozinho. Então, o garoto levanta por si só e começa a descobrir os sons ao seu redor, o que foi essencial para que ele alcançasse a superação.
Filha, mãe tem dessas. Se sente culpada e, de repente, tudo se apaga se o filho sorri. Se sente cansada, mas sempre está lá quando a criança precisa, 25h por dia. Se preocupa o tempo todo, reza o tempo todo, acredita em Deus mais do que nunca, se emociona com tudo, com todos, mas, principalmente, com seu filho.
Amo você, criança. Agora, deixa eu parar por aqui porque já estou me sentindo culpada de não te dar toda a atenção que você merece ;).

Amor de mãe é tudo que há de melhor 

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Amamentar, ato de amor

"Gigi, seu restaurante está chegando!!!". É assim que o Érico, meu marido e seu papai, filhota, tem se referido a mim quando você abre o berreiro porque a barriguinha tá vazia. Acho graça, mas nem sempre foi assim, não.
Nos primeiros dias, além de tudo ser muito novo, de não dormir direito e da recuperação do parto, as mamães precisam se tornar, elas próprias, o alimento do seus bebezinhos. É linda a ideia de que, após nove meses, aquele serzinho que saiu de dentro de você será nutrido unicamente pelo seu leite. Mas uma coisa que toda futura mamãe tem que saber é que as primeiras semanas são superdifíceis.
Pra começar, ninguém domina a arte de amamentar assim, de primeira. Na maternidade, são as enfermeiras quem ajudam o recém-nascido na pega do peito e não é de cara que se produz leite; primeiro vem o colostro, que é essencial para a imunidade do bebê, e depois de alguns dias o leite finalmente "desce".
A sensação do nenê sugar nas primeiras vezes é bem dolorida (fora que dá um medinho de não saber se vai dar certo). Eu andei "preparando o terreno" pra você antes: usei secador, tomei sol nas mamas, não passei hidratante, todas essas coisas que a gente aprende no obstetra. Mesmo assim, o bico machucou, trocou de pele, mas mamãe teve que ficar firme e forte e aguentar essas dores iniciais que tinham hora marcada pra se repetir (é que você, quando recém-nascida, não tinha muito horário pra mamar, mas geralmente era de duas em duas a três em três horas).
Todas as mães com quem eu conversei passaram por experiências parecidas, umas como eu e outras com complicações piores, que fizeram com que desistissem de amamentar ou as impossibilitaram de dar o peito para o nenê. Uma pena, porque dias depois tudo melhora bastante e aí começa uma etapa deliciosa, de curtir o nenê enquanto ele se alimenta, pegar na mãozinha dele, acariciar o rostinho, o cabelo... Dá trabalho, mas é algo tão intenso, tão íntimo entre mãe e filho que vale muito a pena. Sem falar nos benefícios que todo mundo já conhece.
Agora, filhinha, você já dá sinais de que reconhece a mamãe. Às vezes, solta um sorrisinho. Às vezes, um sorrisão largo desses de bebê de seis, sete meses (e eu choro de alegria, de verdade). E o sorriso que vem depois da mamada é um dos mais gostosos - de barriguinha cheia, é quase como se você agradecesse por mais uma refeição no "melhor restaurante do mundo".

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O mito do parto perfeito

Filha, o parto é mesmo... um parto!!!!
No nosso, que foi normal, algumas anormalidades aconteceram. Pra você ver, já que tanta gente faz propaganda do parto normal: que é uma maravilha, que a mulher nasceu pra isso, que quem nem tenta não é mãe... Cada besteira absurda!
Uma das coisas que eu gostaria que você aprendesse é ser mais respeitosa e aberta à opinião alheia do que muita gente por aí. É que eu acho que não dá, por exemplo, pra defender suas convicções a berros e xingamentos e tem muita gente que faz isso. Acaba só criando angústia pra si e para os outros.
Explico: na gravidez, fui a alguns workshops, li muito, fiquei superindecisa entre parto normal e cesárea (os na água e afins eu descartei de cara simplesmente pela dificuldade em fazê-los, não por não acreditar neles, que fique bem claro!). Meu obstetra se acostumou com minha lista de três páginas (é sério!) de dúvidas sobre o melhor método, o que mais traria benefícios a você, menos risco, etc. e tal. Na hora H não adiantou nada, já que eu senti a primeira contração às 3h e você nasceu às 7h05 (porque seguraram, senão, ia ser antes até). Ou seja, teve que ser normal mesmo.
Bom, era algo que eu queria, mas no nosso caso, a sua posição não estava tão boa para um parto normal. Daí tive que lidar com algumas chatices (traduzindo: dor, medo, dor, medo, dor e medo), mas estou aqui, blogando, um mês depois, pra você ver que tudo deu certo (pra nós duas, graças a Deus!!!). Se fosse cesárea seria melhor? Não sei dizer. Tinha que ser como foi. As mães que fizeram cesárea no mesmo dia tiveram alta bem antes de mim, mas também se sabe que complicações de cesárea são bem terríveis.
Então, filhota, quando você me perguntar como foi na hora do parto, vou te contar tudinho, mas isso não significa que no caso de qualquer outra pessoa seria igual. Das lições que a gente aprende nesta vida, uma das maiores é respeitar o outro, muito pela sua história e por tudo aquilo que ele carrega de experiência de vida. E é por isso que evito, a todo custo, ficar fazendo propaganda do melhor parto, da melhor forma de criar um filho, do que nunca fazer, blablablá. Além de ser uma chatice, quem sou eu pra julgar uma outra pessoa, não é mesmo?

Oi, filha!

Eu não nasci pra ser mãe. Sou filha única e não tive bebezinhos ao meu redor na infância, adolescência e até na fase adulta pra treinar ou despertar em mim antecipadamente o sentimento de maternidade. Uma das minhas poucas bonecas que remetiam a esse papel, na infância, foi pintada de canetinha vermelha e teve o cabelo cortado sem dó, num dia em que minha mãe descuidou e eu me vi sozinha com a tesoura, o nenê de pano e a ideia bem sapeca de cortar seu cabelinho.
Por isso, filha, resolvi criar este blog inteiramente pra você. Espero que, um dia, lá na frente, quando for uma criança ou uma adolescente linda, você possa lê-lo e perceber o quão importante é em minha vida, porque foi você quem a modificou pra sempre, de uma forma que eu nunca pude imaginar ser possível. Espero que, neste dia, eu esteja do seu lado curtindo tudo o que foi descrito aqui, para poder relembrar os momentos de aprendizagem, de descobertas, de crescimento.
Hoje você tem exatos um mês e oito dias completos. Está um bebezinho fofo, esperto, que eu amo demais. Chora bastante também (e pode ter certeza de que este post será interrompido muitas vezes, até você pegar no sono de verdade). Puxou algumas coisas da mamãe e algumas coisas do papai, o que deixa ambos muito orgulhosos. ;)
Sei que os dias voam quase na velocidade da luz e quero deixar, aqui neste espaço, meu registro pra você, meu bebezinho, além de compartilhar com pessoas queridas as sensações dessa fase de reclusão em que não se dorme mais como antigamente, não se sai mais como antigamente e, talvez, nada mais seja como antigamente. Mas apesar de não ter nascido para ser mãe, hoje posso dizer que você me fez renascer de certa forma - um renascimento lindo, lúcido e cheio de amor.