domingo, 30 de outubro de 2011

150 dias de transformação e muito amor

Querida Giovana,

faltam só 10 dias para eu voltar a trabalhar. Filha, nós ficamos 140 dias juntinhas até agora. Nos primeiros 30 dias, mamãe não sabia ao certo se ia dar conta de você. É verdade, por mais que pareça estranho falar assim, estou dizendo exatamente o que sentia: medo de não saber, não conseguir ou não ser forte o suficiente para cuidar de você. Depois do parto, a adaptação é mútua: você, pequenina, acostumada a não sentir fome, nem frio, nem sede, de repente precisava chorar para mostrar (ou tentar) o que sentia. Eu, por outro lado, com as primeiras dores da amamentação e sarando, aos poucos, das dores da recuperação do parto. Mamãe, apesar de ter toda a consciência do que viria pela frente, só foi entender o quão difícil é esse momento de adaptação depois de enfrentar privação de sono (nas primeiras semanas, filhota, era rotina você dormir durante o dia e, à noite, acordar às 3h e voltar a dormir às 5h, 6h, 7h...), muito choro (seu e meu), o pavor de não saber o que fazer com suas cólicas, entre outros momentos tão atribulados para uma mamãe de primeira viagem.
Esse tempo passou, como todos com mais experiência me diziam que iria passar. Fui aprendendo a cuidar de você com mais tranquilidade, e, olhe só, aos poucos, voltei a cuidar de mim também. (As primeiras semanas, meu amor, são exclusivamente do neném e, por conta disso, não foi uma ou duas vezes que mamãe ia almoçar só às 14h ou 15h, ou não penteava o cabelo o dia todo, o que dizer então de fazer as unhas...).
Seu pai foi essencial para todo esse começo. Carinhoso e apoiador, sempre preocupado conosco, nos ajudou muito (e continua ajudando, ainda bem!). Suas avós, Lucia e Ana, também foram especialmente necessárias cuidando não só de você como também de mim. Serei eternamente grata a elas por isso.
Bem, o tempo passou muito rápido. Você engordou a olhos vistos, continua com os cabelos mais lindos do universo dos bebês, agora sorri, balbucia sílabas e sonzinhos fofinhos, chama atenção por toda parte que vai. Quando me enxerga, estampa no rostinho que quer meu colo e que está feliz em me ver.
Se algo a incomoda e estou por perto, parece tentar me dizer com o olhar o que está sentindo. Você já tem noção dos horários e da sua rotina do dia e uma das horas mais esperadas é quando seu papai chega do trabalho para brincar com você. As cenas que eu vejo todos os dias são as mais bonitas que já vi na minha vida.
Mamãe tem chorado bastante quando pensa que daqui 10 dias terá que voltar a trabalhar. O choro vem fácil porque você tomou conta da minha existência de uma maneira tão linda, tão pura e tão forte que por mais que pareça bobagem, ficar longe por algumas horas se tornou muito difícil de suportar. Saudade do seu rostinho, de amamentar, de abraçar e brincar, cuidar, enfim, de passar tardes gostosas do seu lado. Realmente, sob meu ponto de vista, me tornar mãe é a maior dádiva que Deus poderia ter colocado em minha vida. Me fez crescer, ser mais humana, mais flexível, menos mesquinha, mais esperançosa.
É, minha pequena, vai ser muito difícil pra mim. Mas é necessário. Será uma nova etapa de adaptação, tanto para mim quanto para você. Preciso disso para crescer ainda mais. Para manter em mim uma parte muito importante e que ainda não está pronta para se despedir. Então, meu amor, que Deus nos abençoe nessa nova fase que virá e coloque em nossas vidas ainda mais bençãos nos dias que estão por vir.
Amo você, com todo meu coração e minha alma,
Mamãe

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